domingo, setembro 28, 2008

Confidência montesclarense

Saudade de uma casa cheia
Entre e sai de gente, movimento
Lembrança de boas risadas
Barulho, histórias, brigas

Saudade inexplicável
de almoço de domingo
cachorros pedindo comida
briga pra mudar de canal

vontade de ouvir voz de gente
de ter pra quem cantar
de ter quem incomodar
de atender a campainha

telefone tocando sem parar
panelas em cima da mesa
mesa grande, sala grande
sofá lotado

domingo, setembro 21, 2008

Era uma vez

Uma das histórias que mais gosto de contar é a do meu pai: Redenir. Mas para contar a história dele, tenho que começar pela história dos meus avós. Geraldo e Raimunda. Ele, nordestino, ela, paranaense. Tiveram seis filhos: Redenir, Reginaldo, Regina, Renilde, Rosali e Rosemary. Pouco depois do golpe militar, mudaram-se para Campos Belos, divisa do Goiás com o Tocantins.

Foi lá que Redenir passou a infância. Depois mudou-se para Brasília e fez o que fazem todos os seres vivos: reproduziu. Kênia, Kélvia, Karoline e Karla vieram quase em seqüência. Mais tarde, não sei bem como, muito menos porque, foi parar em Belo Horizonte, pra estudar engenharia civil, e deu vida a Naiara Ximene, que engravidou com 15 anos e nunca mais foi vista por ele.

Antes mesmo de terminar o curso, foi trabalhar numa obra em Janaúba, no norte de Minas. Conheceu uma engenheira e teve a quinta filha: Fernanda. Nasceu em Montes Claros, mas com dois anos foi levada para Caldas Novas, em Goiás. Foi lá que nasceram Iuri Jivago e Luiz Gustavo, filhos de uma quarta mulher que agora mora nos Estados Unidos.

Por fim, Redenir foi morar no Amazonas, na fronteira do Brasil com a Colômbia. Conheceu outra mulher e teve mais um filho: Adan. Lá de longe, ainda registrou o Gabriel, filho adotivo da mãe de Kênia, Kélvia, Karoline e Karla.

Flowers in the window


Simplesmente feliz... Felicidade calma. Há tempos não se sentia assim.

Nada pra comemorar. Nada especial. Nenhum acontecimento extraordinário. (E ainda era domingo e o tempo estava nublado). Era como se, de repente, estivesse no lugar certo, na hora certa. O lugar era o mesmo. A hora não. A hora agora passava devagar. Os ponteiros do relógio não estavam mais rodando com aquele ar de deboche. Não precisava correr atrás de nada: só aquele instante era suficiente.

(...) Na verdade, havia sim um acontecimento extraordinário. É que ela agora sabia que podia ser o que quisesse. E que tinha sim todos os amigos que precisava. Cada um em seu lugar. Cada um com seu encanto. E nada mais ia lhe abalar. Era só ela: livre, feliz.