quinta-feira, outubro 05, 2006

I Believe in St. Nicholas, it's a diferent type of Santa Claus

Não era só mais um dia ruim. Não, não era. Não era só saudade de um momento. Tive certeza que não. E, assim, aos poucos, de algumas coisas eu pude ter certeza. Momentânea, mas já era alguma coisa. Foi um dia atrás do outro. Um vazio que só aumentava. E eu já não me lembro o que tinha dentro desse buraco. Não me lembro porque de repente tudo perdeu o sentido. Não me lembro porque, apesar de tudo, o céu ainda era azul no meio da tarde. E antes parecia que era mais difícil. E eu fui desacreditando. Em tudo aquilo que eu sempre protestei, briguei, chorei. Parece que não vale mais a pena. E não adiantou preencher meu tempo. Não ter tempo pra pensar na vida. O vazio não era das horas. Não era das ocupações. Não era da falta de tentativa de salvar o mundo. Porque tudo precisa de sentido. Porque quem eu queria por perto quer estar longe. Porque quem está perto também está muito ocupado. Porque, pra quê? Pra que tudo isso, todos esses textos, essas notas boas, esses elogios sobre os bons trabalhos, bons comportamentos, boas atitudes. Se, no fundo, não é isso que me faz ter vontade de acordar?

terça-feira, setembro 12, 2006

Here comes the sun...

Estranho como às vezes a gente tem que mudar todos os planos depois de um telefonema. Estranho como tudo que já estava indo mal consegue ficar um pouco pior e como no meio disso tudo ainda tem algo de bom. Estranho como de repente você consegue se conformar e achar que as coisas vão melhorar. Porque não tem como ficar pior. E porque você acha que é sua obrigação esperar as coisas melhorarem. Estranho como de repente você já não consegue sentir raiva de ninguém. Como você só pensa em ser uma pessoa melhor e fazer sua parte. E você já não pergunta o porquê disso tudo. Você só aceita e fica quieta no seu canto. Estranho como de repente surge uma paciência de esperar, uma resignação de aceitar. Só o que não é estranho é no meio disso tudo, só se ter vontade de ficar quietinha, esperando o tempo passar e as dores não doerem mais. E menos estranho ainda é que tudo que se quer nesse momento é um abraço. E que em silêncio, alguém diga que está tudo bem. Foi só um susto. Já vai passar.

sexta-feira, setembro 01, 2006

Quero entrar em coma


Eu cansei de ser assim
Não posso mais levar
Se tudo é tão ruim
por onde eu devo ir?
A vida vai seguir
Ninguém vai reparar
Aqui neste lugar
eu acho que acabou
Mas eu vou cantar pra não cair
fingindo ser alguém

que vive assim de bem
Eu não sei por onde foi
Só resta eu me entregar
Cansei de procurar
o pouco que sobrou
Eu tinha algum amor
Eu era bem melhor
Mas tudo deu um nó
e a vida se perdeu
Se existe Deus em agonia
manda essa cavalaria
que hoje a fé me abandonou.


(los hermanos)

domingo, agosto 20, 2006

Manual de instruções

Pra se desfazer um mal entendido é preciso todo o silêncio do mundo.
É preciso uma balança, uma régua e um termômetro.
É preciso um mapa e uma lanterna.
É preciso passar pela corda bamba e se atirar no trapézio.
É necessário insistir.
É preciso esperar.
É preciso saber onde se quer chegar.
Não basta a verdade. A vontade. Nem a delicadeza.
É preciso um martelo e uma chave de fenda.
Uma corda e estacas pra fazer cerca.
É imprescindível se arrepender.
É necessário admitir.
É preciso tentar entender.
É preciso ler a bula e seguir os horários.
É preciso seguir as instruções antes de elas serem feitas.
É preciso uma bola de cristal.
Um trevo de quatro folhas.
E coragem.

Atualizando

As mesmas coisas de sempre.
O mesmo sentimento de não saber.
A mesma angústia de não poder.
A mesma vontade de nada.
A velha impressão de estar tudo errado.
Fazer tudo errado. Chegar na hora errada.
Ser errada.
A mesma incapacidade de aceitar.
A insaciável mania de desejar.
A recorrente confusão de interpretar.
O sempre medo de falhar.

Tudo mudou.