domingo, outubro 28, 2007

'bout music and love

*Para Lalá

Lá diz:
aqui, vc não vai escrever mais nada no seu blog não?
Fernanda diz:
vou
sobre o q vc quer q eu escreva?
Lá diz:
uai, quem pensa o q escrever é vc, eu só leio e comento
Fernanda diz:
mas hj eu deixo vc escolher sobre o q eu vou escrever
promoção, aproveita
Lá diz:
escreve sobre o q vc tava me falando antes, que a gente aprende a amar
ou sobre música; ou os dois

Sobre música
Acabo de voltar da ópera. "O homem que confundiu sua mulher com o chapéu". Uma ópera minimalista, apenas três atores (cantores?), cenário simples, orquesta ritmada, composição enxuta e muitas imagens nos telões. O nome é esdrúxulo, mas a história é legal. Um músico que sofre de agnosia, uma doença que o faz enxergar apenas formas, cores e movimentos. Sem pode contar com a visão, passa a guiar sua vida através da música e tem canções para comer, dormir, vestir... Foi a primeira vez que assisti a uma ópera. Gostei da experiência. Só não gostei de as legendas serem projetadas num telão a 4 metros da minha cabeça.

Sobre aprender a amar
Durante a ópera, minha mãe se lembrou da vez em que foi ao Palácio das Artes assistir Saulo Laranjeira com meu pai. Quando chegamos em casa, resolveu ligar para ele e, não sei o que me deu, pedi para falar com ele, só para dar um "oi". Não sei quanto tempo havia que não nos falávamos, mas havia muito tempo. Não é que nos odiássemos, nem nada assim. É só que pensamos um pouco diferente e sempre acabávamos discutindo ao telefone. Silenciosamente, fizemos um pacto de silêncio. Não nos falávamos, para evitar conflitos, exatamente porque nunca deixamos de amar um ao outro. Hoje nos falamos e não houve conflito. Foram apenas alguns minutos, suficientes para ele perguntar por toda a família e para eu contar que estou trabalhando na secretaria de cultura do estado. "Não consigo imaginar", ele me disse. "Na minha cabeça você ainda é uma garotinha de 14, 15 anos". Foi a última vez que nos vimos. Comentei que em julho de 2009 me formo. Ele disse que que vem. Quem sabe até lá não nos falamos mais algumas vezes?