quinta-feira, outubro 20, 2005

Que lindos olhos, que lindos olhos tem você!


Um dia quando fui devolver um livro na biblioteca da fafich, vi um pequeno livrinho na estante, cujo título era "jornalismo cultural". Na hora não pude pegar o livro emprestado, mas depois voltei lá e peguei.
Eu já fiz teatro na escola, já fui do coral, já fiz oficina de fotografia, gostava das aulas de educação artística, tentei aprender flauta doce, aprendi alguma coisa de teclado e tive uma única aula de violino.
Eu devo minha paixão às artes, primeiro a mim mesma (claro, paixão é uma coisa que brota de dentro da gente), mas também à minha ex professora de educação artística, teatro, coral (a míriam, lá de Montes Claros). Mesmo trabalhando numa escola, com crianças e adolescentes que não levavam as coisas muito a sério, ela se entregava muito ao que fazia, mergulhava de cabeça nas suas idéias, e eu acabei querendo ser assim.
O problema é que me fizeram acreditar (ou eu mesma fiz isso, não sei), que eu não tinha talento pras "artes". E fui deixando tudo de lado, sem me aprofundar em nada. Mas aí me falaram que eu escrevia bem, e eu vim parar no jornalismo. E empolguei com esse tal jornalismo cultural, porque é uma forma de estar bem perto do que eu gosto (arte). Mas continuo achando que não sei muita coisa sobre arte.
Mas isso não significa que eu não tenha bom gosto. Por isso, ainda tenho esperança de poder dar minha opinião sobre o que é produzido por aí.
Descobri recentemente minha paixão pelo folclore. E pelo teatro que utiliza técnicas circenses. Descobri isso depois de ver o grupo galpão na praça da cadetral (em montes claros), na globo (num seriado que passou na páscoa, há um certo tempo), e depois de ver "hoje é dia de maria".
Infelizmente, por motivos alheios à minha vontade, não vi a segunda jornada da série. Mas o que vi da primeira foi bastante pra dizer que, dessa vez, a globo acertou em cheio. Pra começar o elenco era muito bom (O diabo e a Maria foram uma "dulpa" tanto). Depois o cenário, bem teatral mesmo, diferente daquela coisa de minissérie, novela e tudo que há na tv. As músicas eram lindas o enrendo puro folclore. Quando vi aquilo, pensei estar de novo nos anos 60, quando se transmitia teatro pela TV. "Hoje é dia de Maria" é absolutamente teatral e folclórico, a melhor minissérie que já vi (não só na globo), diferente de tudo. E o mais legal é que o povo gostou! Gostou tanto que a globo teve que repetir a dose.
Dizem que o povo não gosta de cultura, mas isso não é verdade. O problema é que cultura parece estar apenas nos filmes do tarantino, do Kubrick. A cultura está em todo lugar. E que coisa linda é a cultura popular, os congados e reinados do nordeste, os catopês, O banzé( grupo de dança), o museu do folclore (tudo isso de Montes Claros), os livros do Graciliano Ramos, o artesanato da beira do são francisco, as carrancas (as carrancas são feias, mas são arte), zé coco do riachão. O nordeste tem cultura, tem gente que produz, tem história pra contar.
Por detrás daquela seca, se esconde um mundo maravilhoso, que infelizmente está se perdendo.
Porque "esse povo da capital" (sem querer generalizar, mas já generalizando), acha que cultura é só a osquerta sinfônica tocando no palácio das artes (isso também é legal, mas é só um lado da moeda), e isso influencia o povo do interior, que acha que cultura tá lá longe, na capital e não dá valor ao que tem.
Uma pena!
Eu espero poder colaborar de alguma forma, a resgatar a cultura do meu povo. Por enquanto vou lendo "jornalismo cultural" e apredendo que o popular nem sempre é pop, o pop às vezes é popular e a cultura é pop, popular ou erudita, mas está em todo lugar.

p.s.: Montes Claros todo ano tem o "festival internacional do folclore", que traz grupos de dança folclórica de várias partes do mundo (china, arábia, polônia, uruguai, chile, entre muitos outros), e de vários estados do país. Sempre que posso eu vou. O público adora, e a platéia sempre lota.
p.s.2: desculpem o regionalismo, mas eu amo a minha cidade e preciso mostrar pro "mundo" que lá tem muita coisa legal.

sábado, outubro 08, 2005

Pirar na Batatinha

"Batatinha quando nasce
se esparrama pelo chão.
Mamãezinha quando dorme
põe a mão no coração"



Quem escreveu esse poema, com certeza foi alguém que não imaginava a enorme repercussão que sua singela obra teria. Será que ele (ou ela) realmente escreveu isso? Ou será que apenas falou? (assim como jesus falou e seus discípulos escreveram). Seriam esses versos, consequência de uma bebedeira entre amigos? Ou teriam sido professados pela boca de um mendigo louco, que passava as noites gritando para as pessoas ao redor de uma pracinha? Pior, terá sido fruto da imaginação de uma criança de 4 anos de idade, que rabiscava as paredes da casa e pensava estar fazendo arte? Sinceramente, eu não sei! Porém, mais imporatnte que a fonte de tão grandiosa obra de arte, é sua mensagem.

Vamos analisar "batatinha quando nasce" (será esse o título verdadeiro?).

1° verso: Batatinha quando nasce.
O autor começa confundindo. De que espécie de batatinha se trata? Batata inglesa? Batata Baroa? Batata do Mc Donald's? Só sabemos que é uma batatinha, pequena e singela, recém nascida. Trata-se da batata em sua gênese, seu nascimento, a batata pura e inocente (sem agrotóxicos, pois o poema é antigo).

2° verso: se esparrama pelo chão
Esse é talvez o verso mais importante da obra. Se não sabemos de qual batata se trata, sabemos o que ela faz: se esparrama pelo chão. E essa informação é extremamente importante nesse mundo globalizado e capitalista em que vivemos: saber que quando a batata nasce (assim como as melancias), se esparrama pelo chão. Poucas pessoas atualmente têm a oportunidade de conhecer uma plantação de batata! (Eu, mesmo tendo vivido a infância no interior nunca conheci!)

3° verso: mamãezinha quando dorme
Aqui tudo começa a ficar claro: assim como a batatinha nasce, a mamãezinha dorme (e não é uma mãe qualquer, é a mamãezinha doce e cândida), e quando ela dorme acontece algo. Nessa parte há o suspense: já sabemos que a batatinha se esparrama pelo chão quando nasce, mas o que faz a mamãezinha quando dorme?

4 verso: põe a mão no coração
O autor fecha com chave de ouro! Assim como a ingênua batatinha se esparrama pelo chão, a mamãezinha, num gesto de amor profundo, de desprendimento aos bens materiais, demostra toda a sua pureza colocando a mão no coração! Se à primeira vista, se esparramar pelo chão e pôr a mão no coração, não têm muito comum, aqui descobrimos que isso não é verdade: as duas ações ocorrem simultaneamente, são sincronizadas e têm o mesmo significado: a ingenuidade desses dois seres - batatinha e mamãezinha.

Terminada esta análise, não temos outra opção, senão aclamar o autor do que talvez seja a maior poesia de todos os tempos da língua portuguesa (que inlusive deveria ser traduzida para outos idiomas). Mais explicações não são necessárias, afinal poesias não devem ser explicadas, e sim sentidas.
Viva a batatinha! Viva a mamãezinha! Viva a batata frita, cozida, assada, recheada, souté, chips, palha, doce, purê...
e Viva a poesia!

*2 considerações: 1°escrevi isso enquanto terminava o fichamento de um livro.
2° Eu realmente adoro batata!

segunda-feira, outubro 03, 2005

This is it!




















Eu sei que meu blog tá parecendo um flog ultimamente, mas eu realmente estava muito empolgada com a oficina de Criação Visual. Gostei tanto dos meus trabalhos que tive que colocar aqui. Mas acho que depois desse post volta tudo ao normal (a oficina de criação acabou e agora vai começar a de expressão corporal = teatro).
Esse aí foi o trabalho final. O grupo precisava montar uma identidade e se vender (fazer uma propaganda da gente mesmo). Para isso, saímos pela Fafich (e também pela Belas Artes), tirando fotos de nós mesmos e o resultado foi isso aí.

O cartão de baixo é obra de arte de um garoto sapeca, mas achei que ficou legal.
...

Percebi que meus olhos não são bonitos, são apenas verdes...